Helena Blavatsky: a mãe do esoterismo moderno e suas polêmicas

Você provavelmente já tenha ouvido falar em Helena Blavatsky. E caso ainda não saiba quem ela foi, nesse artigo você ficará sabendo um pouco da sua história e o que ela fez para contribuir com a ascensão do esoterismo moderno.

Conhecida popularmente como a mãe do esoterismo moderno, Helena Petrovna Von Hahn, nasceu na cidade de Yekaterinoslav (atualmente faz parte da Ucrânia) em 30 de Julho de 1831.

Foi e continua sendo considerada uma grande ocultista, filósofa, pensadora, pesquisadora e escritora de sua época. O que Helena Blavatsky acumulou de prestígio e autoridade em assuntos metafísicos, também acumulou de polêmicas e controvérsias relacionadas a veracidade das suas manifestações parapsíquicas.

Madame Blavatsky nasceu tão fraca que a família resolveu batizá-la às pressas na Igreja Ortodoxa Russa. No dia de seu batismo, um acidente acabou queimando o padre e alguns dos convidados. Na época, acontecimentos assim eram considerados de mal agouro.

A infância e juventude de Blavatsky

A mãe de Madame Blavatsky, chamava-se Helena Andreyevna, era novelista e pertencia a uma família nobre. Seu pai, Pyotr Von Hahn, era descendente da aristocracia germânica,  e no Império Russo exercia a função de comandante militar.

Porém Helena, apesar de viver em família nobre, tinha aversão a convenções sociais.

No ano de 1842, quando Helena tinha 11 anos, sua mãe veio a falecer de tuberculose. Ela e mais dois irmãos foram morar com a avó materna.

Sua irmã mais nova era constantemente assustada por Helena, que lhe contava estórias sobre monstros e elementais.

Desde novinha ela já dava sinais de habilidades psíquicas. Essas habilidades foram se desenvolvendo aos poucos conforme ela ia mantendo contato direto com a natureza, que sempre foi a sua paixão desde criança.

Nessa época ela já tinha visões daquele que ela dizia ser o seu mestre. Um homem alto e indiano.

Helena Blavatsky já tinha grande interesse por assuntos ocultistas e na biblioteca de seu bisavô materno pode devorar os livros relacionados ao assunto.

Nessa época, ela aprendeu também com alguns membros influentes da maçonaria, uma série de rituais secretos.

Quando tinha 17 anos, para afrontar todos que diziam que ela nunca se casaria por ser uma pessoa muito difícil de se conviver, Madame Blavatsky propôs casamento a um homem de 40 anos chamado Nikifor V. Blavatsky que era vice-governador da Província de Erivan na Armênia.

Seu pai não se opôs e Helena herdou o sobrenome que a acompanharia até o final da vida.

O casamento durou apenas 03 meses, ocasião em que Helena fugiu e resolveu que iria iniciar suas viagens ao redor do mundo em busca dos conhecimentos ocultos.

As viagens e a iniciação

Em 1849, a aventureira Helena parte para diversos destinos.

Começou pela Turquia quando resolveu terminar seu casamento e fugir também da casa de seu pai. Após isso foi para o Egito, passou pela França, Inglaterra.

Em 1851 na cidade de Londres, deu-se o primeiro contato físico com seu mestre, que desde criança havia lhe aparecido em visões. Nesse encontro Mestre Morya a avisou sobre sua missão e a necessidade que teria de viajar ao Tibete.

Helena não hesitou, partiu em busca da realização da sua missão. Nas Américas, teve contato com as tribos norte americanas.

Passou dois anos na Índia estudando cartas enviadas a ela por seu mestre.

Helena conseguiu entrar no Tibete somente em 1856, após uma tentativa anterior fracassada.

Todo esse roteiro de viagens foi realizado no período entre 1849 a 1858.

Após voltar para sua família, Madame Blavatsky sofreu um sério acidente enquanto andava a cavalo.

Ficou vários meses em coma. Ao voltar, percebeu que tinha total controle de seus poderes psíquicos.

Em 1868, Helena Blavatsky estava em Florença, quando ouviu do seu mestre, El Morya, que ela deveria se juntar a ele em Constantinopla.

O destino era o Tibete, viagem que foi feita por terra. Lá os tesouros do mosteiro foram mostrados a ela.

Ela também passou a mergulhar nos estudos da literatura sagrada do budismo tibetano, e aos poucos foi sendo preparada para que fosse a porta-voz dos mestres de sabedoria no Ocidente.

Foi no Tibete que Helena Blavatsky decorou os versos do Livro dos Preceitos de Ouro que mais tarde comporiam o seu livro A Voz do Silêncio.

Sua permanência nos Himalaias para preparação do início de sua missão se deu do final de 1868 ao final de 1870. Nesse período ela esteve hospedada na casa do Mestre Kuthumi.

A figura pública

Madame Blavatsky e Coronel Olcott

Já em 1870, Helena Blavatsky  já tinha feito as sua primeiras aparições públicas.

Em 1871, no Cairo é montada a La Société Spirite, com a ajuda de uma mulher chamada Emma Cutting. A sociedade tinha o objetivo de estudar assuntos ligados ao espiritismo.

Sua trajetória de vida no mundo esotérico, se deu inicialmente através do Espiritismo.

A La Société Spirite foi fechada duas semanas após sua inauguração, porque Helena acreditava que os médiuns, inclusive Emma, agiam de forma fraudulenta.

A fama já batia às portas de Helena em 1873, e isso tudo devido ao Miracle Club, que consistia num espaço para leituras esotéricas nos Estados Unidos.

Porém a grande virada de chave na vida de Madame Blavatsky, se deu no outono de 1874 em Vermont nos Estados Unidos, mas precisamente na fazenda Eddy.

Nessa fazenda havia estudos de fenômenos espíritas, e quem relatava para os jornais de Nova Iorque as sessões de manifestações de materializações de espíritos que ocorriam lá era Henry Steel Olcott.

Coronel Olcott como era conhecido, era além de militar, também advogado. Demonstrava grande interesse nos assuntos ligados ao Espiritismo.

Sua personalidade era totalmente oposta à de Helena, porém a amizade dos dois foi criando laços cada vez mais fortes.

E em 1875, juntamente com Helena Blavatsky fundou em Nova Iorque a Sociedade Teosófica, que na ocasião contava com 16 membros. Olcott foi o primeiro presidente.

Em 1877 é publicado Ísis sem Véu, e sua tiragem de mil exemplares é completamente esgotada em 10 dias.

Bigamia

No final de 1874, Michael Betanelly completamente encantado, convenceu Helena Blavatsky a se casar com ele.

O casamento também durou pouquíssimo tempo. Segundo a própria Helena também não foi consumado, como o anterior.

O divórcio não demorou a acontecer. Porém ao se casar com Betanelly, Helena cometeu bigamia, já que o primeiro marido dela ainda estava vivo.

Helena Blavatsky e a Sociedade Teosófica

Sede da Sociedade Teosófica na Índia

A sede da Sociedade Teosófica se manteve em Nova Iorque até 1879. Neste ano a sede foi transferida para Bombaim (hoje Mumbai).

Helena e Olcott se mudaram para a Índia e lá começaram a expansão dos escritórios da Sociedade Teosófica.

A sede permaneceu em Bombaim até o final de 1882, após isso foi transferida para Madras (hoje chamada Chennai).

A Teosofia incentiva o estudo comparado entre as religiões. Busca também a união entre ciência, espiritualidade, sabedoria antiga e pensamento filosófico.

Um dos grandes marcos empregados pela Sociedade Teosófica foi no que se refere ao conceito de evolução, tão emergente no século XIX.

Evolução no sentido:

• Pessoal, que consiste em elevar o espírito a graus cada vez mais elevados de expansão de consciência
• Evolução das raças
• Evolução dos mundos e dos continentes

A amizade entre Olcott e Blavatsky nunca deixou de existir, porém seus ideais filosóficos foram ficando cada vez mais distantes. O foco de Olcott era tornar possível uma reforma social baseada na fraternidade universal, enquanto que Blavatsky priorizava o campo da paranormalidade.

As polêmicas envolvendo Helena Blavatsky

Logo após deixar o Tibete em 1870, Helena Blavatsky começou a se envolver em polêmicas e também em acusações de fraude e charlatanismo.

A primeira polêmica se deu com o embate direto dela com seguidores do Espiritismo.

Helena proclamou aos quatro ventos que as entidades que mantinham contato com os médiuns nas sessões, se tratava de elementais travessos ou então de cascões astrais, que na visão teosófica é o resíduo de veículo astral que é deixado nesse plano pelas almas que já se encontram na região do plano mental, após a morte do corpo físico.

Porém o que marcou mesmo a vida de Helena dois casos em particular:

Caso Coulomb

Blavatsky e Olcott no ano de 1884 viajaram para a Inglaterra a fim de promover a Sociedade Teosófica. Nessa ocasião nomearam Emma Cutting e seu marido Alex Coulomb como encarregados dos assuntos domésticos da Sede de Sociedade.

O casal que estava passando por dificuldades, veio pedir ajuda a Helena que prontamente estendeu suas mãos, oferecendo trabalho doméstico a eles.

Em pouco tempo o casal acabou se indispondo com membros da Sociedade, e tentaram convencer Helena a excluir esses membros.

Essa tentativa não foi bem sucedida, ao invés de ceder ao pedido do casal, Helena os demitiu.

Em forma de retaliação, o casal entregou a missionários cristãos, aproximadamente 40 cartas que eles diziam ter sido escritas por Blavatsky e endereçadas a Emma no período em que estavam ausentes da sede da Sociedade.

Nessas cartas haviam provas, de que os fenômenos paranormais de Helena se tratavam de fraude. Em uma dessas cartas, foi solicitado a Emma que providenciasse um boneco de pano. Esse boneco deveria ter formato humano para simbolizar o Mestre Kuthumi.

Há também a menção de como deveriam fazer para lançar cartas que caiam do teto durante as sessões.

Esse caso ficou popularmente conhecido após a publicação de alguns trechos dessas cartas em uma revista de Madras.

Após esse incidente, Helena retorna à Europa.

Relatório Hodgson

A Sociedade de Pesquisas Psíquicas, encarregada de estudar e investigar a veracidade de fenômenos parapsíquicos, se interessou pelos fenômenos que ocorriam  com Helena Blavatsky.

Foi enviado para a Índia o australiano Richard Hodgson, a fim de investigar o “santuário”.

O “santuário” se tratava de uma caixa de madeira onde as cartas dos Mestres se materializavam.

Hodgson, após uma minuciosa investigação, se convenceu que nessa caixa havia um compartimento onde se tornava possível a manipulação das cartas.

Se não bastasse, atestou serem de autoria de Blavatsky as cartas do caso Coulomb.

O relatório Hodgson foi combatido por um outro pesquisador, Vernon Harrison, que dizia não haver provas concretas de que as cartas com a autoria atribuída aos mestres de sabedoria tinham sido na verdade escritas por Helena Blavatsky.

A volta por cima de H.P. Blavatsky

Em 1888, foi publicado o livro A Doutrina Secreta, obra responsável pela recuperação da credibilidade da Teosofia, que havia sido abalada nas acusações direcionadas a Blavatsky até então.

Nos seis volumes da Doutrina Secreta, obra que Blavatsky não reconhecia como de sua autoria e sim um trabalho ditado pelos mestres, encontramos:

• Um trabalho que procura aproximar a cultura ocidental dos ensinamentos da sabedoria oriental e dos significados da simbologia Universal
• Conhecimentos que levam o leitor a se libertar da ignorância espiritual e de preconceitos que limitam o entendimento na busca da Verdade
• Uma obra sintetizada que demonstra uma unidade, ou ponto em comum existente em todas as tradições religiosas
• Uma ampliação de horizonte no que diz respeito a questão da cosmologia e evolução da raça humana

Sem sombra de dúvidas A Doutrina Secreta é uma obra que fica para a história. É uma leitura imprescindível para quem está trilhando o caminho do autoconhecimento e procurando integrar a sua vida com o Todo.

Helena Blavatsky deixou o corpo físico em 08 de Maio de 1891, aos 59 anos, na Inglaterra, em decorrência de problemas renais e gripe.

Porém seu legado no campo do ocultismo, filosofia e do pensamento abstrato será eterno.

Principais obras de Helena Blavatsky:

Ísis sem Véu – obra em quatro volumes (1877)
A doutrina secreta – obra em seis volumes (1888)
Glossário Teosófico (1890)
A Chave da Teosofia (1891)

Para finalizar, quero te convidar para assistir ao documentário A Vida e Obra de H.P. Blavatsky, disponível no Youtube.

Assista clicando no vídeo abaixo:

Abraços,

Até a próxima!

LP Moraes