Pin It

Anel de Giges: o que você faria se ficasse invisível?

Você conhece o mito do anel de Giges? 

Pois então, é sobre ele que eu vou falar no artigo de hoje. Se você nunca ouviu sobre o mito do anel de Giges, fique comigo até o final deste artigo.

E não será nenhuma grande surpresa, se:

Ao final você perceber que não teria atitudes muito diferentes das do personagem principal desse mito do livro II da República de Platão.

Esse mito não passará despercebido se você tem um apelo interno por autoconhecimento.

Posso até salientar que você se sentirá até um pouco desconfortável quando o mito atingir aquela parte da sua psique, que precisa ser lapidada.

Mas fique tranquilo, porque a maioria de nós não difere muito de Giges.

Muito de nossos comportamentos e atitudes que julgamos serem os ideais, não passam de mero condicionamento.

Colocamos uma máscara que nos encaixa no meio social como politicamente corretos.

Conheça agora o mito do anel de Giges.

Conteúdo

O anel de Giges

Giges e o anel 300x219 - Anel de Giges: o que você faria se ficasse invisível?

Giges era um pastor da região da Lídia, muito bem visto pelas pessoas próximas. Era tido até como exemplo de conduta entre seus companheiros.

Certo dia cuidando do seu rebanho, foi surpreendido por uma intensa tempestade.

Além da tempestade, houve um grande tremor de terra e o chão se abriu formando assim uma enorme cratera.

Giges tomado pela curiosidade, resolveu adentrar a cratera para explorá-la.

Qual não foi a sua surpresa, quando encontrou um enorme cavalo de bronze cheio de buracos. Ao colocar sua cabeça dentro de um desses buracos, encontrou um homem morto.

Esse homem, de porte muito grande, aparentando ser um gigante, estava completamente nu e portava um anel de ouro em um dos dedos.

Giges viu ali uma oportunidade de adquirir uma bela jóia.

Logo, esse se tornou o anel de Giges, que se apossou da jóia e saiu da cratera o mais rápido que pode.

 

O lado sombra de Giges 

O lado sombra de Giges 300x202 - Anel de Giges: o que você faria se ficasse invisível?

Era época da reunião dos pastores, ocasião em que haveria a análise dos relatórios de prestação de contas mensal.

Giges tomou o seu lugar na reunião, e qual não foi sua surpresa!

Ao girar o engaste do anel para o interior da sua mão, Giges ficou invisível.

Foi então que se deu conta que os outros pastores falavam dele como se ali não estivesse.

Para testar o anel, Giges virou novamente o engaste para o lado de fora de sua mão, agora podia ser visto novamente.

Foi a primeira vez que o anel de Giges entrou em ação.

Percebendo o poder que estava em suas mãos, Giges tratou logo de arrumar um jeito de adentrar ao palácio. Juntamente com uma comitiva que iria ter com o rei, Giges conseguiu o que pretendia.

Estando no palácio e próximo da família real, passou a seduzir a rainha. Em um complô entre os dois, matou o rei, e Giges se tornou detentor absoluto do poder do reino.

Explicando o mito do anel de Giges

Anel de Giges e a justiça 300x167 - Anel de Giges: o que você faria se ficasse invisível?

O personagem Glauco no Livro II da República em seu diálogo com Sócrates, diz que Giges representa quase todos nós.

Glauco ainda completa, ao explicar o mito, que o homem  só age com justiça porque lhe convêm. Os motivos podem ser os mais diversos, desde medo de punição, bem como para se manter uma reputação perante a sociedade por exemplo. 

Porém, se o homem puder escolher entre ser justo ou injusto, certamente verá maiores vantagens ao escolher a injustiça.

Glauco afirma também que só fazemos o bem porque não podemos fazer impunemente o mal, seja por razões pessoais, jurídicas ou religiosas.

Platão afirma que dificilmente encontramos uma pessoa com uma vontade suficientemente forte para agir moralmente  em situações em que não sofrerá represálias de espécie alguma. 

Giges ao ter certeza de que não seria pego ou punido por qualquer atividade seja ela ilícita, imoral ou injusta, tratou logo de priorizar os próprios interesses.

A fidelidade à justiça, independe de fatores externos é uma questão interna e pessoal de reta conduta.

Afinal, você é o que você faz, quando está sozinho e quando a última porta se fecha e não há ninguém te olhando.

Sendo assim podemos concluir que a justiça quando aliada à moral é uma característica inata. Quando é a moral que nos guia, deixamos de pensar no benefício próprio e as nossas atitudes são governadas pela bem-estar sistêmico, mesmo que não sejamos diretamente beneficiados.

A justiça como uma característica aprendida, é uma meia justiça, que beneficia os próprios interesses, assim como fez Giges ao se apossar do anel. 

Giges era tido como um homem justo perante a sociedade, porém ao lhe ser concedido o poder do anel, se tornou o mais terrível dos tiranos.

O anel de Giges em suas mãos

Anel de Giges em suas mãos 300x224 - Anel de Giges: o que você faria se ficasse invisível?

Você já parou para pensar se não agiria da mesma forma que Giges?

Opa! Mas eu não seria capaz de matar ninguém, você pode estar pensando. É bem provável que não.

Mas:

O que você faria se pudesse entrar e sair de lojas, supermercados, Bancos sem ser visto?

Será que você não cederia à tentação de se apossar de coisas que não são suas, ou de espiar essa ou aquela pessoa em momentos íntimos?

Você poderia obter as respostas de uma determinada prova ou teste, ter acesso a informações privilegiadas.

Poderia até mesmo soltar aquele parente que está preso, mesmo sabendo que há razões para ele estar na situação em que está.

Será que quando você age com justiça não está agindo por prudência ou por hipocrisia?

Tenha o anel de Giges imaginário em suas mãos e comece a analisar as suas atitudes em várias situações e contextos.

Será que ser justo compensa?

Anel de Giges e a justiça 300x167 - Anel de Giges: o que você faria se ficasse invisível?

No livro II da República, Glauco ainda afirma que:

Tendo um homem todas as condições favoráveis para ser injusto e agir por interesse próprio e mesmo assim esse homem age com justiça, esse pode ser considerado o mais infeliz dos homens.

Para Glauco, o injusto age com liberdade, conquista mais coisas e pessoas, enquanto que o justo nato passa por grandes desafios durante toda a sua vida, para manter uma reta conduta.

Os que só parecem ser justos agem assim devido a fatores que atuam como um freio para a injustiça e não por vontade própria.

Os fatores são os mais diversos, os mais comuns podem ser timidez, covardia, manipulação de pessoas próximas, medo de sofrer consequências ditadas pelas leis da sociedade e de Deus.

O justo tem consciência de que tudo conspira contra essa sua atitude.

Tem consciência também que algo mais sutil vibra no seu ser, e que se entregar aos instintos é agir certamente com base no egoísmo.

O justo sabe que há seu lado sombra, porém a cada instante faz a luz interior brilhar em forma de atitudes nobres independente de regulação ou não.

O certo é que o interesse particular prevalece sobre o coletivo, e é por isso que não se pode deixar a sociedade caminhar por conta própria. Não é difícil imaginar o caos que em pouco tempo tomará conta de uma terra sem leis.

Veja o exemplo de pessoas aparentemente íntegras que saqueiam lojas e supermercados quando a polícia militar entra de greve.

Conclusão

Já que provavelmente eu e você estamos longe do sentido ideal de honestidade, integridade e justiça, porque não começarmos a colocar em prática essas atitudes em pequenas práticas do dia a dia.

É possível! Nos pequenos detalhes do dia a dia, há grandes oportunidades de se exercitar o altruísmo e pensar no coletivo.

Comece por você. Seja honesto consigo mesmo, derrube as leis que você mesmo criou para se controlar e perceba se agiria diferente se elas não existissem.

Gostou do texto? Deixe sua opinião nos comentários.

Abraços

Até a próxima

LP Moraes

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *