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Elisabeth Kubler-Ross, os 5 estágios do sofrimento (sobre a morte e o morrer)

Elisabeth Kubler-Ross. Conheci a história dessa mulher há pouco tempo. No momento em que escrevo esse artigo, minha avó está muito doente.

Estou pelo menos uma vez por semana passando a noite com ela a fim de não deixá-la sozinha. Ela já não pode estar desacompanhada. Nem mesmo pode ir ao banheiro sozinha com risco de queda. Suas pernas estão fracas, a idade avançada e o corpo doente.

Posso até afirmar sem receio, de que os cuidados de agora em diante serão paliativos.

E eu quero que esse tempo que me resta com ela seja preenchido com muito amor, carinho, paciência e aprendizado.

Foi tentando ser a melhor companhia a ela, nesse momento difícil de sua vida, que conheci o trabalho de Elisabeth Kubler-Ross.

Aliás, o principal objetivo deste artigo é te indicar os livros escritos por ela. Talvez você esteja passando por situação semelhante e possa também ser ajudado.

Tenho certeza de que ao ler pelo menos um de seus livros, você será obrigado a pensar um pouco sobre a morte. Pensar sobre esse processo, não como um assunto mórbido, e sim focar no lado oposto.

É perguntar a si mesmo: como anda minha vida? Será que estou fazendo com que ela realmente tenha um significado?

Conteúdo

Quem foi Elisabeth Kubler-Ross?

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Elisabeth Kubler-Ross (1926-2004) foi uma médica psiquiatra suíça, radicada nos Estados Unidos. Ela desenvolveu o trabalho pioneiro de tratar doentes terminais de uma maneira totalmente diferente.

A partir de seus esforços, a abordagem de questões como a morte e cuidados paliativos tomaram um novo rumo.

Dra. Elisabeth começou a sua vida profissional cuidando de pessoas com transtornos mentais. Logo percebeu que os profissionais de saúde olhavam só para a doença, e raramente para o doente e para as necessidades que tinham.

Ela trabalhou também com pacientes portadores de HIV, doentes terminais e presos do sistema carcerário de segurança máxima.

Especialistas em tanatologia colaboraram por enriquecer posteriormente o seu trabalho. Sua obra mais conhecida é o livro Sobre a Morte e o Morrer publicado em 1969.

Elisabeth Kubler-Ross, sobre a morte e o morrer

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O livro publicado em 1969,  consiste basicamente na transcrição de entrevistas com doentes terminais. Essas entrevistas foram realizadas nos seminários realizados pela Dra Kluber-Ross na Universidade de Chicago.

A obra nos traz a visão subjetiva do doente diante da iminência da morte. Vem para quebrar o receio que nós ocidentais temos de falar abertamente sobre esse processo inevitável na vida de cada um de nós.

Sobre a morte e o morrer nos trás a idéia da soberania das pessoas sobre a doença e a morte. O foco é dar poder de escolha ao doente.

Poder de escolha sobre o desenrolar de todo o processo e também possibilitar que ele extraia o melhor dessa situação.

Esse livro nos mostra, pelas histórias de vida dos pacientes, a dinâmica psíquica do confronto consciencial deles entre o antes e depois da situação que os afligia.

Mostra também a forte tendência, mostrada através das pesquisas de Elisabeth Kubler-Ross. Seus estudos demonstram que a consciência em seus momentos finais procura algo em que se apoiar.

E se não encontra algo “sólido” como por exemplo o bem que fizeram, as relações que construíram com base em virtudes, tendem a entrar num processo de inconsciência.

Podemos através das páginas, entrar em contato com nossa própria mortalidade.

O modelo de sofrimento de Kubler-Ross

Elisabeth Kubler Ross Sobre a Morte e o Morrer 768x432 - Elisabeth Kubler-Ross, os 5 estágios do sofrimento (sobre a morte e o morrer)

A obra Sobre a Morte e o Morrer trouxe o modelo de Kubler-Ross. Também pode ser conhecido como o modelo de sofrimento de Kubler-Ross ou 5 estágios do luto.

São 5 estágios pela qual as pessoas geralmente passam ao lidar com qualquer tipo de perda. De acordo com Elisabeth Kubler-Ross, os estágios não seguem um padrão ou ordem definida. Pode acontecer também de algumas pessoas não passarem por todos os estágios. Porém de acordo com a médica, pelo menos dois deles sempre estarão presentes em situações de perda.

Compreender estes estágios auxilia médicos, cuidadores, familiares e até o próprio doente a enfrentar a situação.

E quem sabe eles possam encontrar um pouco mais de paz e sentido para suas vidas em seus momentos finais.

A proposta da Dra. Kubler-Ross é estabelecer cuidado e atenção individual a cada paciente, esteja ele em estado terminal, cuidado paliativo ou não.

Os 5 estágios do luto

Agora vou falar um pouco sobre os 5 estágios do luto e suas principais características.

Esses estágios também são encontrados em situações como perda de emprego. Estão presentes também em fim de relacionamento ou outras situações extremas e traumáticas.

Lembrando que não é um padrão fechado, com ordem definida.

 

Negação:

Mecanismo emocional de negação. A pessoa simplesmente se recusa a aceitar o que está acontecendo.

Possui diferentes níveis e que permite uma adaptação progressiva a nova realidade do paciente, bem como dos familiares que o acompanha.

 

Raiva:

Consiste em um complexo de experiências emocionais relacionadas com o confronto. O embate direto com os limites estabelecidos pela vida, que geralmente levam as pessoas a se perguntarem: Por que eu?

 

Negociação:

Experiência emocional complexa relacionadas com querer controlar o desenrolar da vida. O indivíduo geralmente propõe uma “troca”.

Seja uma mudança de atitude, um bom comportamento, uma virada de chave. Tudo em troca da recuperação do estágio anterior a doença ou perda iminente.

 

Depressão:

Experiência emocional relacionada com tristeza, falta de sentido. Resultado do processamento de perdas concretas ou simbólicas, presentes e futuras.

 

Aceitação:

Compreensão cognitiva e emocional da nova realidade. Integração dessa nova experiência ao continuum da vida. A pessoa também passa a experimentar ausência de hostilidade perante os processos de mudança.

 

Esperança: A Dra Kubler-Ross define a esperança como o sentimento presente em todos os estágios. Se trata de uma expectativa positiva sobre o presente e o futuro, onde permeam sonhos e desejos que dão orientação a vida.

Adaptação dos estágios

Também chamado de curva de mudança de Kubler-Ross, os estágios sofreram algumas modificações, porém referem-se ao mesmo processo. 

São eles:

 

Choque: o indivíduo se surpreende ou fica chocado perante o evento inesperado na sua vida.

 

Negação: aqui paira a descrença, a pessoa olha para o evento e suas evidências, e se recusa a acreditar que esteja acontecendo.

 

Frustração: há o reconhecimento que algo fora do normal esteja acontecendo, e a raiva predomina.

 

Depressão: imensa falta de energia para enfrentamento da situação.

 

Experimentação: engajamento inicial para se enfrentar a situação a fim de buscar possíveis soluções.

 

Decisão: o indivíduo começa a aprender a lidar com a nova situação de uma forma mais positiva.

 

Integração: fase em que a pessoa começa a integrar a experiência e absorver os aprendizados que ela trouxe.

Dicas de filmes:

Os estágios descritos por Elisabeth Kubler-Ross podem ser percebidos em vários filmes.  Separei esses 3 como dica para vocês:

Nós compramos um zoológico

Deadpool 2 

Os pinguins de Madagascar

Elisabeth Kubler-Ross - frases

Elisabeth Kubler Ross frases 768x384 - Elisabeth Kubler-Ross, os 5 estágios do sofrimento (sobre a morte e o morrer)

“Há em cada um de nós um potencial para a bondade que é maior do que imaginamos; para dar sem buscar recompensa; para escutar sem julgar; para amar sem impor condições.”

 

“Quando um paciente está gravemente enfermo, em geral é tratado como alguém sem direito a opinar. Quase sempre é outra pessoa quem decide sobre se, quando e onde um paciente deverá ser hospitalizado. Custaria tão pouco lembrar-se que o doente também tem sentimentos, desejos, opiniões e, acima de tudo, o direito de ser ouvido.”

 

“O conforto físico e a ausência de dor vêm bem antes de qualquer apoio emocional, antes de qualquer ajuda espiritual, antes de qualquer coisa. Não se pode ajudar emocionalmente ou espiritualmente um paciente se ele está subindo pelas paredes de dor. Ou se, por outro lado, lhe são dadas injeções que o deixam tão dopado e sedado que ele não consegue mais se comunicar.”

 

“Você não vai receber outra vida como esta. Você nunca mais vivenciará o mundo exatamente desta maneira, com esses pais, filhos, familiares e amigos. Nem experimentará a terra com todas as suas maravilhas novamente neste período da história. Não espere o momento em que desejará dar uma última olhada no oceano, no céu, nas estrelas ou nas pessoas queridas. Vá olhar agora.”

 

As lutas e o desabrochar da consciência

 

“As pessoas mais belas que conhecemos são aquelas que têm conhecido a derrota, conhecido o sofrimento, as grandes lutas, as perdas. E ainda assim têm encontrado o seu próprio caminho para fora das profundezas. Essas pessoas têm uma apreciação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida capaz de preenchê-las com compaixão, ternura e uma profunda preocupação amorosa. Pessoas belas não surgem ao acaso.”

 

“Algumas flores desabrocham apenas por alguns dias. Todos as admiram e amam por serem um sinal de primavera e de esperança. Depois, essas flores morrem. Mas já fizeram o que tinham a fazer.”

 

“A única finalidade da vida é crescer. A suprema lição é aprender como amar e ser amado incondicionalmente.”

Elisabeth Kubler-Ross - livros publicados no Brasil

Sobre a Morte e o Morrer. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1969.

Morte – estágio final da evolução. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 1975.

Perguntas e respostas sobre a Morte e o Morrer. São Paulo: Martins Fontes, 1979.

A morte: um amanhecer. São Paulo: Pensamento, 1991. [10]

A roda da vida: memórias do viver e do morrer. Rio de Janeiro: GMT, 1998.

 

Fonte: Wikipédia

 

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Espero que tenha gostado do artigo de hoje. E se você assim como eu, está passando por uma situação complicada, não desista.

Sempre há tempo para se fazer o quê tem que ser feito. Floresça, nem que seja por pouco tempo. Deixe a sua marca, e quando for para sair do palco da existência, saia em grande estilo.

 

Abraços

Até a próxima!

LP Moraes

2 Responses to “Elisabeth Kubler-Ross, os 5 estágios do sofrimento (sobre a morte e o morrer)

  • Olá! Ainda não consigo lidar com a dor e a morte, porque não encontro sentido nessas experiênciasituações terríveis. Foi bom, no entanto, encontrar este blog que trata de assuntos difíceis de um modo sábio e suave.

    • LP Moraes
      2 anos ago

      Oi Lana!!
      Que você possa em breve aceitar o processo pela qual esteja passando, e encontrar as respostas que tanto procura. Abraços

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